quinta-feira, 29 de julho de 2010

#2 lembranças de infância




              
.     Janeiro de 1998. Os dias quentes e as noites secas davam um ar diferente ao ambiente. Clarice lembra de estar brincando de casinha na casa da avó materna. Era noite e Clarice estava com sono.
-Vovó, já vou dormir! bênção.
-Deus te abençoe minha filhinha, durma com os anjos.
.     Dona Elizabeth adorava a visita da netinha, que tanto amava, contava as horas para estar com ela, seu sorriso e sua graciosidade a contagiavam, o que mais gostava era de contar histórias para ela dormir e ficar observando o seu soninho tranquilo, sem preocupações.
.     Interrompendo as divagações da avó, Clarice, num tom um tanto carinhoso, aquele jeitinho com um brilho nos olhos para pedir algo, lhe pede:
-Vovó, a senhora tem um tempinho para contar uma histórinha para mim dormir?
-Mas é claro que a Vovó tem, meu bem.
.     Entusiasmada com a expectativa de ouvir uma boa história, Clarice se ajeita melhor na cama e fica atenta para ouvir o que sua vó tem para contar naquela noite. Dona Elizabeth pode ver nos olhos da neta a expectativa de ouvir as suas histórias.
-Em um reino muito distante, num lugar onde as fadas e os elfos costumavam habitar, existia uma princesa, com o nome de Sophia. Ela passeava pelos jardins do palácio de seu pai como a mais bela e encantadora jovem do reino...
.     No meio da história como sempre, Clarice, que na época estava com cinco anos, adormeceu, e, Elizabeth a arrumou com cuidado, deu-lhe um beijo na face, e acariciando-lhe o rosto pensou o quanto aquela criança trouxe felicidade á ela em um período em que se sentia amargurada, pois havia perdido sua irmã mais velha, e Clarice veio para devolver-lhe a vida. Não podia acreditar que aquele pequeno ser que á sua frente se encontrava pudesse ser um agente de transformação tão grande. Olhou mais uma vez a neta, em seu sono angelical, se afastou, e apagando a luz, retirou-se para seus aposentos.
.     Logo cedo pela manhã Clarice levanta com o aroma delicioso de pão que sua avó preparava. Quase como um raio levantou-se ligeiramente, fez a sua higiene e logo estava sentada e de pernas cruzadas na mesa do café da manhã. O rádio, costumeiramente ligado ao programa mais famoso da cidade onde se passavam todas as notícias da região, anunciava em suas ultimas notícias a chegada de Dom Henrique, que estava de passagem pela região. Seu avô atentamente ouvia e em relances falava sobre ir visitar o tal homem. Pouco interessada nas notícias, Elizabeth preparava o café da manhã e cantarolava uma canção antiga sobre um amor que partiu e que talvez não voltaria...
-Vovó, a senhora já arrumou o meu leite com nescau? Estou com fome vovó.
-Espere só mais um minutinho minha querida, estou me apressando em arrumar o seu café da manhã.
-Está bem. A senhora conhece esse homem famoso que está na cidade vovó?
-Sim filhinha.
.     Elizabeth ainda lembrava quando Henrique, filho de sua prima de segundo grau, brincava em sua casa, e ela lhe preparava doces e guloseimas. Hoje, ele um homem formado, talvez nem se lembrasse dela.
.     Com um longo suspiro Elizabeth continuava seus afazeres, pois ainda queria dar uma passada na feira para comprar algumas verduras e também no mercadinho do Seu José para comprar alguns materiais de limpeza para Jurema, a empregada, fazer o seu serviço. Elizabeth era além de avó, uma mulher bastante ocupada e em seus cabelos grisalhos, e as linhas da face bem marcadas, estavam refletidas todos os anseios, alegrias e preocupações de uma vida. Mesmo com seus 65 anos de idade ainda era muito bem apessoada e uma senhora muito simpática. Seu marido, Otávio era desde as épocas de namoro, um homem muito bonito, simpático e sorridente, dono de uma personalidade invejável e possuía muitas qualidades, nem a idade pôde ofuscar a sua beleza, e ainda compunha versos sobre a cultura de sua terra.
.     Aquele era um dia especial, Elizabeth não saberia dizer o porquê, mas podia sentir que algo bom estava por vir. Aquela tarde prometia...




#'ll be continue.

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