sexta-feira, 15 de março de 2013

#18 O elemento surpresa


     "A semana toda já passou e nada do tal do presente que ele me prometeu, estou quase começando a acreditar que tudo não passou de um engano..." pensava Clarice, sentada na mesma mesa da biblioteca do mosteiro, onde estivera sentada há exatamente uma semana. E esse pensamento foi como o pino de uma granada, que desencadeou um fato surreal: enquanto ela estava terminando de pensar, mesmo não havendo nenhum vento, seus livros começaram a se folhear e o lápis que há pouco segurava elevou-se no ar e apontou uma estante, logo depois baixando e se pondo novamente sobre a mesa, sempre apontando na mesma direção.
     O coração de Clarice disparou como uma flecha e seus batimentos estavam descompassados, parecia que seu funcionamento interno havia se alterado por completo, estava quase sem ar. Levantou-se lentamente e começou a andar na direção apontada, tentando achar algo que chamasse a atenção no meio de tanto livro velho e pó juntos. Um leve tremor tomou conta de seu corpo quando uma pequena caixa, da parte mais alta da velha estante, caiu de uma forma tão graciosa e se pôs aos seus pés. Estava decorada de maneira simples, mas de um requinte excepcional; havia uma fita vermelha com bordas douradas ao seu redor e um bilhete em papel de seda com a frase:

 "O homem está pronto para tudo desde que lhe seja dito com mistério; quem quer ser acreditado deve falar baixo." Chazal, Malcolm.

     Curiosa como era, Clarice, com muito cuidado, abriu o embrulho e para sua surpresa havia uma única trufa, exatamente no centro. Na parede posterior interna da caixa estava escrito, em verso: "Para o problema solucionar/ apenas uma mordida deve-se dar/ o batimento volta ao normal/ tudo volta a ser natural."
     Não teve dúvidas. Não hesitou. Comeu. E o sabor daquele confeito era como mel em sua língua, mas à medida que alcançava seu estômago se tornava amargo como fel. Mas a sensação era ótima, maravilhosa. Aos poucos, começou a se sentir tão leve, parece que todo seu seu corpo, sua alma, eram diferentes.



#Continua.
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário