sexta-feira, 11 de novembro de 2011

#13 Na velha biblioteca


.     Clarice depois de ter passado por aquela situação totalmente anormal, teve um sono muito profundo, só acordou no outro dia, que por sorte era feriado, e levantou da cama quando já eram passadas as 11 horas da manhã. Olhou ao redor, algo parecia diferente, mas lembrou que tinha muito o que conversar com sua mãe.
.     A primeira coisa que fez foi relatar todo o acontecido à  Maria, que ficou radiante, pois finalmente Clarice estava tomando o rumo para a qual nasceu. Clarice fez todas as perguntas que lhe vieram à mente e ficou bem estarrecida com algumas revelações de Maria.
.     Depois do almoço - afinal ela não ia tomar o café da manhã, já estava tarde -, pegou o último livro que acabara de ganhar, que pertencia aquela coleção tão fantástica que a fazia sonhar e resolveu lê-lo sentando recostada sobre a cabeceira de sua cama. Uma brisa suave vinha da janela, que estava entreaberta, e balançava de leve seus cabelos escorridos sobre os ombros.
.     Sentiu novamente aquela paz; "Como isso é maravilhoso!" Clarice pensou. Como o ruído de uma torneira mal fechada, a garota ouviu um "ploc" e voltou-se para a direção da qual vinha o ruído: a escrivaninha. Encima do livro negro, que tinha recebido do velhinho quando era criança, viu uma pequena folha de cor parda, um pouco amassada, fixada com um alfinete. Num sobressalto se dirigiu até a escrivaninha e leu o bilhete, que igual ao outro, estava em letra de forma, estilo medieval e escrita à mão:

"Na velha biblioteca do Mosteiro São Bento, perto da tua escola, tem um livro antigo de capa marrom. Ele tem umas inscrições em dourado e as folhas amareladas pelo tempo. É a última cópia que existe no país e nele estão as informações que tu buscas. Quando o veres saberás qual é. E tome muito cuidado, porque tem pessoas te seguindo e vão tentar tomar o livro de ti."

.     Aquilo era mais do que uma ordem, era uma curiosidade avassaladora. "O que será que está escrito naquele livro?" Não perdeu tempo, e sem avisar ninguém saiu desvairada pela rua, para tentar retirar o livro na velha biblioteca do mosteiro, onde costumava passar as tardes quando criança.
.     Falou de relance com o frade que era responsável pelo lugar e conseguiu autorização e então foi até a biblioteca e começou a procurar. Não era uma tarefa fácil já que existiam mais de 60 mil exemplares em todo o recinto. Mas lá no fim do segundo corredor Clarice teve seus olhos transformados em cor de ouro; eles refletiam o brilho um pouco apagado do velho livro. Correu e pegou o livro. Mas, de uma hora para a outra, viu que dois homens vestidos de preto entravam no lugar e tinham uma atitude muito esquisita. Aquela  voz soou audível em seus ouvidos: "Esconde o livro dentro do casaco e pega um outro parecido para despistar, que o que aqueles homens querem é o livro!"; Clarice imediatamente colocou sobre a face o capuz do casaco e saiu pelo fundo da biblioteca, pois conhecia um "caminho de fuga" inativado que os frades não usavam mais. Os homens de longe a viram saindo e correram atrás. Clarice foi esperta e atravessou o bosque do fundo do mosteiro e despistou os homens, que gritavam desesperados pelo livro.
.     Ao chegar em casa, foi de imediato ao seu quarto e escondeu o livro, no teto. Quando saiu lá fora para ver se os homens tinham conseguido segui-la, teve um choque: Seu cachorrinho Policarpo estava morto, provavelmente envenenado com algo que estava em sua água, já que esta estava azul. "Talvez Cobalto, intoxicou o pobre Po!" E então viu afixada na parte superior da casinha do cachorro o recado:

"Queremos o livro. Se não nos der, iremos matar todos os seus animaizinhos queridos e todos aqueles que você ama."

.     Clarice quase voou para dentro de casa para relatar os fatos aos pais; a guerra havia começado.





#Continua;

Nenhum comentário:

Postar um comentário