segunda-feira, 1 de novembro de 2010

#5 O Livro


.     Dona Maria não havia revelado á sua filha, mas ela sabia o quê aquele livro exatamente queria dizer. O mais chocante era que tudo era semelhante. Ela tinha um exemplar daquele mesmo livro, o recebera quando tinha quase 7 anos. E o mais aterrorizante, mas ótimo ao mesmo tempo era que, ela o havia recebido daquele mesmo velhinho que Clarice descrevera, com palavras semelhantes:

"Maria, preciso que me escutes,
Mui jovem és, grande mente e sapiência possui,
eu sei, que ainda não é o tempo...
Mas virá o dia em que tu serás parte de minha Família,
desenvolverás para mim grandes projetos,
ensinará a muitos, e será parte de um propósito maior.
Não te intimides, muitos te perseguirão, mas eu a protegerei.
Um livro deixar-te-ei, agora não saberás o que nele se tem,
Aos poucos saberás.
Prepara-te."

.     Essas lembranças vinham à mente de Maria como raios na velocidade da luz. Não poderia ficar mais feliz em saber que sua filha também fazia parte dessa Família. Mas sabia também que deveria instruir muito Clarice quanto á procedência com aquele misterioso livro, pois queria que ela atalhasse caminhos, para não sofrer tudo o quanto Maria sofreu para descobrir a chave de decodificação do livro - que era muito simples, diga-se de passagem - E pular etapas dolorosas que não eram necessárias.
.     Ficou muito feliz, pois sabia que tudo fazia parte do Propósito. Mas, enquanto o dia de cumprimento deste não chegava, Maria preocupava-se com coisas rotineiras, e de absoluta certeza, sabia que também seria a professora de Clarice.

***

.     Observava a pequena, sentada no chão do quarto, cantarolando e brincando com seus brinquedos com a ingenuidade que só uma criança tem, e divagava: "É minha filha, temos muito que caminhar!".
.     O sorriso espontâneo, infantil de Clarice fez Maria sentir uma paz tão grande, que tinha a certeza, sua filha teria tudo no tempo certo. Naquela época em que viviam, nada era muito fácil, João e Maria não viviam na pobreza, mas também não eram ricos. Nunca faltou nada para a família, a alegria sempre foi um grande marco daquelas pessoas; Mas não gozavam de uma vida folgada.
.     As coisas ao menos estavam bem. Agora Maria pensava por onde começar, afinal, Clarice superava sempre suas expectativas no quesito Rapidez racional. Sabedoria era algo que Maria teria de ter de sobra para ensinar corretamente as coisas que podia, aquilo era tudo muito complicado e muito simples ao mesmo tempo. E era pela complexidade de tudo isso, que Maria se sentia atraída e motivada, certamente que era algo para poucos, ela era privilegiada.


#Continua.

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